A intensificação da precarização do trabalho pós-pandemia e suas consequências para a saúde dos trabalhadores da Enfermagem

O 1º Encontro de Enfermeiros e Enfermeiras em Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora foi marcado por reflexões sobre os desafios enfrentados pela categoria, especialmente, no contexto pós-pandemia. Inara Ruas, diretora do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Rio Grande do Sul (SERGS) e da Federação Nacional dos Enfermeiros(FNE) para a Região Sul, destacou a dura realidade enfrentada pelos trabalhadores da saúde, especialmente, após a aprovação de leis que liberalizaram a terceirização ilimitada, retirando direitos trabalhistas essenciais. Ela enfatizou que a pandemia de Covid-19 agravou ainda mais esses problemas, colocando os profissionais da enfermagem na linha de frente.

Eduardo dos Reis Sanchez, representante do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador(CRST) - Freguesia do Ó, falou sobre  ‘’A intensificação da precarização do trabalho pós-pandemia e suas consequências para a saúde dos trabalhadores da Enfermagem’’. Ele abordou a demora do Ministério da Saúde em considerar a COVID-19 como acidente de trabalho ou doença ocupacional. 

Ressaltou a falta de proteções adequadas, procedimentos e capacitação para os profissionais da enfermagem durante a pandemia que, muitas vezes, trabalharam em condições precárias, improvisando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)e enfrentando o medo constante de contágio.

Considerou que a forma como a pandemia foi conduzida no Brasil, com disseminação de fake news e negacionismo científico, teve impactos devastadores na saúde e segurança dos trabalhadores da enfermagem. Inara e Eduardo enfatizaram a importância de se discutir essas questões e de não negligenciar a saúde do trabalhador. 

Por fim, foi discutido o impacto dos danos físicos e psicoemocionais enfrentados pelos profissionais de enfermagem. Apesar de terem sido aclamados como "heróis" durante a pandemia, muitos não receberam o reconhecimento merecido por parte dos empregadores, já que suas jornadas de trabalho são extenuantes, as horas não são valorizadas e as condições de descanso, muitas vezes, inadequadas e negligenciadas.